Textos
QUANDO A NOITE NÃO ACABA
O turno tinha começado Aguinaldo o primeiro vigia noturno a chegar tinha conferido tudo, todas as salas, portas e banheiros. Francisco que chegou depois o cumprimentou e perguntou: - E ai Aguinaldo conferiu tudo, está tudo ok? – Diz Francisco chegando e colocando sua blusa de frio sobre a mesa. Aguinaldo tranquilo sentado diante do livro de ocorrência onde anota sua chegada abrindo assim sua ocorrência noturna responde: - Tudo ok, só falta conferir uma chave no pavilhão superior, vai se ajeitando ai que eu vou lá conferir. – Disse Aguinaldo se levantando da cadeira. - Aguinaldo você ficou sabendo da história de Fernando e J. Alves, que história estranha, sem pé nem cabeça, você acredita no que eles falaram. – Diz Francisco puxando conversa sobre o que J. Alves e Fernando tinham contado sobre o plantão deles em uma noite da semana anterior. - Eles contaram a história, mas não sei se é verdade Francisco, aqui acontecem coisas muito estranha, é porque eu faço de conta que não escuto, mas muitas coisas acontecem aqui, você nunca ouviu nada, nem viu nada. – Diz Aguinaldo colocando uma dúvida no assunto. - Às vezes escuto alguns barulhos, mas nunca fui lá conferir, pois todas às vezes eu estava sozinho e sair e alguém me render seria pior, pois teriam acesso a todas as chaves da escola, imagina o que poderia acontecer, em outra escola entraram, rederam o vigia, bateram nele e amarraram-no deixando-o preso até quando alguém chegou pela manhã. – Diz Francisco prevendo o que poderia acontecer. - Pois é Francisco, aqui acontecem coisas que às vezes fico desconfiado, mas é o nosso trabalho, rezo apenas para o dia amanhecer e eu ir pra casa em paz. – Diz Aguinaldo mantendo tranquilidade. Aguinaldo sai para conferir a chave do pavilhão superior e Francisco está ajeitando sua mochila sobre a mesa. Francisco lembra-se de fazer uma pergunta para Aguinaldo quando chega à porta percebe que um vulto de uma mulher de vestido estampado parece entrar no banheiro feminino, observa sua entrada foi muito rápida e fica parado. Aguinaldo já está meio distante, Francisco acha que a mulher entrou sob sua autorização então volta para dentro da sala e fica o aguardando. Aguinaldo volta rápido e Francisco já meio preocupado pergunta: - Aguinaldo aquela mulher de vestido estampado que entrou no banheiro feminino foi você que autorizou? – Diz Francisco meio tenso. - Que mulher é esta Francisco? Como ela entrou? O portão está trancado, como isto aconteceu? – Diz Aguinaldo esboçando um sorriso como se Francisco estivesse apenas brincando. - Eu não estou brincando Aguinaldo, eu vi a mulher entrar no banheiro, você já estava lá no pátio, então não te chamei e achei que foi você que autorizou a entrada dela. – Diz Francisco já meio preocupado aumentando o tamanho de seus olhos ao olhar em direção do banheiro feminino. Um barulho vindo do banheiro feminino chama atenção dos dois, alguém puxou a descarga e em seguida bateu a porta do box e lavou as mãos na pia que o som da água saindo dava para ouvir nitidamente. Francisco olhou para Aguinaldo com um olhar de afirmação em relação ao que viu entrando no banheiro. Os dois em pé na porta da sala ficaram esperando a pessoa que usou o banheiro sair, o tempo foi passando e nada de alguém aparecer. Aguinaldo meio sem paciência querendo tirar aquela história a limpo chamou Francisco para fazer uma vistoria dentro do banheiro. Os dois se aproximaram bem devagar para desvendar aquele mistério. Já na porta do banheiro Aguinaldo percebe uma sombra se movendo dentro do banheiro, com um gesto feito com a mão chama Francisco para entrar junto com ele, já dentro do banheiro observando os cantos e boxes, conferindo cada detalhe, nada encontram, perplexos com a situação em que estavam ficam olhando um para o outro como se não acreditasse no que estava acontecendo. Um viu a imagem da mulher e depois os dois escutaram com detalhe que alguém usou o banheiro e nada foi encontrado depois, isto foi trazendo um medo aos dois que em seguida foram para a sala dos Professores pensando como isto pode ter acontecido. A noite foi passando devagar, parecia que havia um controle sobre ela, os segundos pareciam minutos, os minutos pareciam horas e as horas pareciam que não mudavam. Para Francisco e Aguinaldo o turno acabava de iniciar, mas parecia meia-noite depois do acontecido. Tudo foi ficando estranho e isto fez com que os dois ficassem na sala dos Professolres sem muita vontade de sair. O coração de Aguinaldo começou a bater forte em seu peito, parecia que estava fora de controle, pressentiu alguma coisa e alertou Francisco falando baixinho: - Francisco estou me sentindo estranho, meu coração esta batendo muito rápido, parece que vai acontecer algo. - Fica tranquilo cara, nada vai acontecer, tenta se acalmar! – Diz Francisco tentando acalmar Aguinaldo. Por algum tempo nada aconteceu, os dois ficaram a espera de algo, mas parecia que estava tudo bem. A energia acabou de repente e voltou fazendo com que as luzes piscassem várias vezes acusando algum defeito, mas logo em seguida tudo voltou ao normal. Não demorou muito um barulho foi escutado em uma das salas de aula. Os dois atentos aguçaram os ouvidos como se fosse ficar próximo da sala. O barulho começa devagar e vai se intensificando, era como se alguém estivesse arrastando uma carteira após outra dentro da sala, fazendo um ruído alto e proposital. Francisco e Aguinaldo vão em direção do grande e perturbador ruído para saber o que estava acontecendo, ao chegar à sala de aula com as chaves na mão para abrir e desvendar o mistério o ruído parece mais ensurdecedor. Com as mãos tremendo e o medo presente em seus olhos Aguinaldo abre a porta. Francisco entre de uma vez sendo seguido por Aguinaldo para pegar quem estava dentro da sala arrastando as carteiras. Para surpresa dos dois tudo parecia está no lugar, com acessão da cadeira do Professor que juntamente com a mesa estava no teto da sala em uma posição de uso diário como se alguém de cabeça para baixo estivesse ministrando aula. O medo tomou conta dos dois que tentaram correr, mas a pernas não mexiam, não tinha como sair da sala de aula. Por alguns instantes se sentiram diante da mesa de cabeça para baixo, e neste pequeno instante perceberam que havia alguém sentado na cadeira, mas não conseguiam visualizar quem era, ficava sombrio no instante que viam. O tempo parecia parado, mas os acontecimentos eram rápidos e tudo parecia acontecer em fleches deixando-os confusos e sem rumo. Sem saber a razão dos acontecimentos tudo voltou ao normal, mas o tempo ainda estava parado como se estivesse para acontecer mais alguma coisa. Uma ventania tomou conta da escola, foi quando os dois perceberam que já não estavam dentro da sala. O vento forte começou a estalar as estrutura da escola como se fosse destruir tudo, após algum tempo cessou repentinamente. Um sereno fino começou a cair sem mais nem menos, molhando levemente o pátio da escola. Em instantes foi passado em suas mentes tudo o que tinha acontecido durante aquela noite, mas nada fazia sentido, parecia que a noite não tinha começado e tudo parecia um sonho. A demência de suas mentes foi interrompida quando uma leve neblina foi aparecendo e se intensificando a cada instante. A neblina foi aumentando e tomando conta do pátio da escola, uma luz diferente e fria surgiu refletindo imagens na neblina que ficava entre as luzes da escola e a escuridão vinda do céu. As imagens vagavam na neblina como se estivessem passeando ou procurando alguma coisa perdida. Não dava para visualizar as imagens e descobrir quem era, mas as imagens eram nítidas vagando no pátio da escola. A noite parecia que nunca ia acabar o tempo parecia que não tinha presa. Francisco e Aguinaldo estavam presos no tempo e tudo parecia perdido. Dentro da neblina surgiu uma imagem diferente, seu reflexo na luz era mais forte. Vindo em direção de Francisco e Aguinaldo vagarosamente a imagem foi afastando as outras imagens que apareciam na neblina como se as dominassem. Aguinaldo e Francisco se sentiram mais leves e tranquilos em relação a seus medos como se alguém estivesse os libertando de um pesadelo. A imagem de uma mulher vestida de branco sai da neblina intensa que envolve todo pátio da escola, fica diante de Francisco e Aguinaldo e faz um gesto com a mão direita, como um gesto de cultos religiosos, tudo acaba e a noite volta normal, apenas aquela mulher persiste em permanecer ali parada olhando penosamente para os dois como se implorasse algo para libertar sua alma daquele lugar.
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 29/09/2011
Alterado em 04/07/2013
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.