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LÉO PAJEÚ LÉO BARGOM LEONIRES
Poesias e Contos, Sentimentos e Versos, Sonhos e Visões de um Premonitor.
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                                            O MATADOR
 
          Como acontecia sempre á boca da noite os viajantes chegavam a grande braúna, parecia tudo combinado. Todos faziam sua parada para o descanso e contar seus causos e estórias. A distância da cidade e da próxima fazenda deixava a fazenda do meio onde estava a grande braúna o lugar ideal para uma grande trégua ou uma noite de sono pesado, descasar e seguir no dia seguinte para suas missões e destinos. Era como se a grande braúna fosse o fim de uma história e o começo de outra.
          Um rapaz de chapéu de couro, bem alinhado, chega meio afoito entre a tarde e a noite, não dar boa tarde nem boa noite, começa a se ajeitar no tronco da braúna como se tivesse presa para dormir sair no dia seguinte.
         Alguns viajantes que ali se encontravam não deram importância aquele fato. O rapaz tão pouco se importou e onde deitou ali ficou.
        Quando não tem lua no sertão o escuro é escuridão e como todo o dia acontecia uma oferta de alimentação. Dona Maria que nunca teve carestia sempre oferecia aos viajantes do sertão um pouco de acalanto e pão.
         O Menino de short de saco de algodão vinha e abria a porteira. Dona Maria com sua tigela de barro pegando em sua mão vinha com um sorriso nos rosto ofertar um pouco de pão.
         Os viajantes agradeciam e dividiam com todos sem distinção. Dona Maria voltava para casa tranquila sabendo que todos agradeciam de coração.
         O Menino de short de saco de algodão desta vez não voltou com Dona Maria como sempre fazia. Ficou observando o jovem rapaz de chapéu de couro, bem alinhado que por ali nunca tinha estado e isto era confirmado por que o Menino por todos tinha amizade seja Beato, Matador, Vaqueiro, Doido, Sábio ou Cantador desentoado.
         O rapaz lhe chamou atenção, um pouco acanhado, meio desgarrado se negava a comer a comida ofertada por Dona Maria.
         O Menino vendo aquilo fez questão de pegar uma porção com suas pequenas mãos e oferecer ao rapaz que parecia faminto há um tempão.
          O rapaz agora sem saída teve que comer a comida ofertada por aquelas pequenas mãos que em sua inocência não tinha sapiência dos terríveis acontecimentos daquele imenso sertão.
         O Menino puxou conversa mostrando que não tinha presa para ouvir explicação daquele rapaz, mas sabia que o que iria ouvir não seria coisa boa, pois o comportamento do jovem delatava alguma coisa estranha.
         O rapaz tentou ficar calado, mas neste dia estava agoniado e determinado a desabafar sua aflição que carregava em cavalgadas destemidas que geravam feridas que nunca cicatrizam naquele imenso sertão.
         O Menino falante e muito esperto tranquilizou o rapaz com jeito inocente demostrando que não falaria o que ouviria dali pra frente.
         O rapaz agora de barriga cheia e tranquilo começou a falar tudo que estava preso na garganta e o ultimo acontecimento, este tinha sido diferente.
     - Menino eu não sou uma boa pessoa, eu mato gente. – Diz o rapaz de repente sem fraquejar.
     - Amigo pode continuar sua história, pois se não me falhe a memória você é o décimo primeiro a se dizer Matador. – Diz o Menino indiferente.
     - Não quero lhe assustar, mas eu sou diferente, mato por dinheiro e não escolho cliente. – Diz o rapaz tentando intimidar o Menino.
     - Amigo fique tranquilo por que aqui no sertão apesar de Menino já vi coisas que se contar nem você vai acreditar. – Diz o Menino mantendo-se tranquilo.
     - Menino eu já andei por todo este sertão, com meu revolver, punhal e faca na mão. Matei gente de todas as idades, homem ou mulher, pobre e figurão. – Diz o rapaz narrando sua história.
     - Senhor Matador não tenha medo de revelar suas histórias para um Menino, pois aqui no sertão menino e velho quando conta história é invenção ou está caducando. - Diz o Menino insistindo em ouvir a história.
     - Se você não tem medo vou lhe revelar minhas matanças, mas fique sabendo que já matei até criança. Diz o Matador revelando em seu semblante que isto era pura fantasia, pois disso não tinha coragem.
     - Senhor Matador imagino suas aventuras e andanças, sei que já fez coisas horríveis, mas nunca matou uma criança. Agora sem demora revele a história que está presa em seu peito por que se bem vi direito este tiro lhe acertou no peito e quem parece que morreu foi você que agora anda perambulando pelos cantos em dúvida, pois parece que não cumpriu o feito e sua alma se desprendeu encontrando outra alma que entre flores devem ter jurado amores e agora o sofrimento tomou conta de você lhe causando dores. – Diz o Menino profetizando a história do Matador.
     - Menino como sabe disso, mas esta é a verdade, recebi uma encomenda de matar o velho senhor de uma fazenda, mas não sabia que no mesmo dia iria encontrar a flor dos meus encantos e na relva do campo nos entregamos ao amor e juramos ficar juntos, mas não sabia que a encomenda e o defunto era seu pai.
    - Pela primeira vez pensei muito antes de agir, fiquei encurralado e não podia mentir. A mulher de minha vida estava ali, não tinha como executar minha tarefa e partir deixando para trás ela chorando por causa de minha ambição e me julgando homem sem coração que sem qualquer razão mata seu pai lhe cortando a alma.
     - Agora você entende minha situação errante, não consigo ser mais o homem de antes e também não poço confessar diante de meu grande amor que sou um matador ignorante que vive de cobre das mortes de pobres e nobres.
     - Menino agora não sei o que faço, se me enforco em um galho de aroeira ou se me jogo do penhasco descendo uma grande ladeira libertando minha alma para que ela sonhe comigo sem saber o perigo que passou ao amar um inimigo sem coração e cruel.
     - Matador vou lhe contar uma verdade, apesar de minha idade sei de coisas que pode lhe assombrar, mas se você decidir trabalhar como todo honesto trabalhar tenho certeza que irar curar todo sua dor e se der tempo ao tempo você pode reconquistar sua flor.
     - Menino então me diga como vou fazer isto, pois montarei em meu cavalo corisco, não descansarei enquanto não fazer tudo isto acontecer para conquistar meu amor e viver sem passado refazendo minha história por outros cantos contados.
     - Aqui na fazenda está precisando de um bom vaqueiro, pois eu e meu cão perdigueiro não damos conta de cuidar do gado e se você for um boiadeiro dedicado o trabalho é seu.
     - Menino diga a sua patroa que o vaqueiro que ela procurava está aqui e toda boiada vai me seguir.
          O Menino com presa chega até a patroa e conta que encontrou um vaqueiro, esta contente com o feito lhe pede com jeito traga-o aqui que vamos acertar o que será feito.
        O Menino sem esperar sai correndo para debaixo da braúna e chamou o rapaz que logo apresentou para o capataz dizendo aqui está um novo vaqueiro lhe digo tudo que ele faz.
         Tudo isto aconteceu em um início de noite que ao amanhecer o dia tudo caminhou em paz. Os viajantes nunca vistos antes saíram cedo como navegantes na estrada ardente do sertão procurando seus sonhos, seus fins.
        O Matador virou Vaqueiro e com seu trabalho diário conquistou a patroa e o patrão em uma festa na quermesse reencontrou sua flor que não demorou e logo se casou reconstruindo sua vida no cruel sertão.
         O Menino continuou sua missão junto com Dona Maria, sua patroa que todos os dias levavam um pouco de pão para os andantes do sertão.
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 12/04/2012
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