A MENINA DO BALANÇO
O sono era tranquilo quando desprendi de meu corpo e comecei a voar, não tinha um rumo certo, mas a viagem foi longa. Atravessei mares e cheguei a algum lugar que desconheço, mas parecia um lugar muito bom, rico, com muitos prédios bem cuidados, hotéis e uma praia com frequentadores de diferentes etnias, alguns bem comportados outros nem tanto.
Quando percebi estava sentando em uma cadeira de praia nu, me senti sem graça e não sabia por que estava ali, argumentei com alguém que estava nu e não podia sair assim, foi me oferecido um pijama com a marca B&B o qual vesti e me dirigi a alguma pousada.
Fiquei vagando voando entre os aposentos e área externa da pousada toda branca com jardins pequenos quando percebi que uma criança parecendo curiosa saia de seus aposentos andando com medo ou receio de alguma coisa. Era uma menina loirinha com um pijama lilás de bichinhos marca George, não sei por que prestava atenção nas marcas das roupas, mas ficava em minha mente e decorei.
A menina passou por entre umas grades e chegou a algum jardim desaparecendo depois sem que soubesse por onde andou. Continuei em meu sonho a vagar avistando o mar e uma ilha bem distante que depois foi desaparecendo sob uma intensa neblina.
Despertei de algum pensamento distante e me vi em uma rua escura, tensa e em conflito. Uma barricada distante dividia de um lado soldados bem armados e do outro habitante da cidade arremessando coquetéis molotov nos policiais.
Curioso perguntei a alguém que estava perto sobre o que estava acontecendo, esta me respondeu que eram zumbis que queriam dominar a cidade e estavam sendo combatidos pela força policial. Depois descobri que se tratava de um conflito religioso.
Uma onda de violência entre católicos e protestantes. Os manifestantes gritavam lemas de suas religiões, formavam barricadas nas ruas. A origem do conflito foi um ataque a uma procissão de protestantes o qual após o conflito muitos jovens ficaram feridos.
Despertei desta história e já estava em outro lugar, percebi que estava em alguma fazenda, o pasto, algumas plantações, animais e ao fundo uma casa cercada por um grande pomar. Macieiras, amoreiras-pretas, damasco entre outras frutas além de uns pés de oliveiras faziam parte deste pomar bem cuidado.
O tempo e a sombra das árvores fazia do lugar um local sombrio, sobrevoei algumas árvores quando percebi uma criança, desci sobrevoando baixinho e percebi que se tratava de uma menina loirinha correndo embaixo das árvores indo em direção ao balanço em uma das árvores, tudo parecia sombrio, mas dava para ver que havia no balanço outra menina, que aparentava mais velhas, poucos anos a mais, mas bem parecida com a criança que vi primeiro.
Ao se aproximar percebi que as duas eram iguais, apenas a idade que era diferente. Tentei conversar, mas apenas a menina menor expressava um sorriso e falava alguma coisa, a outra expressava um olhar triste e nada falava.
A menina menor me alertou da alguma coisa, quando percebi havia quatro cachorros vindos em nossa direção, pareciam ferozes. Um Pastor Alemão que parecia estar no comando dos outros, também havia um com pelagem curta e lisa de cor branco e preto da raça Whippet, o outro era uma Pointer Inglês e ao lado do Pastor Alemão estava uma Collie preta com partes brancas.
A menina menor pediu que eu corresse enquanto a outra menina permaneceu no balanço indiferente. O cachorro Whippet correu em minha direção como se fosse conferir quem estava ali.
O Pointer Inglês veio agressivo enquanto eu tentava me esconder. A menina menor de repente sumiu, a outra permanecia no balanço, parecia que tentava sair, mas não conseguia.
O Whippet de repente voltou, enquanto o Pointer Inglês rosnava tentando me pegar. Um grito foi ouvido e todos os cachorros se reuniram em uma parte mais alta do pomar. Surgiu por baixo de um damasco um homem com uma arma de grosso calibre apontando em minha direção, ficou alguns instantes apontando, mas diante da penumbra nada viu. Os cachorros começaram a latir e o homem começou a andar em minha direção. A menina me olhou com um olhar penoso e sem poder sair do balanço acenou me dando adeus, fui levitando e comecei a voar, atravessei algumas ilhas, mares e acordei em um sobressalto às quatro horas da madrugada, voltei a dormir e pela manhã relembrei deste sonho.
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 30/04/2012
Alterado em 30/04/2012