O PRESSÁGIO NO SONHO
Tinha ido dormir muito tarde, acabava de chegar de outra cidade a qual tinha ido visitar a irmã de minha mulher. A cidade ficava a sessenta quilômetros de onde morava, era uma viagem de vez em quando chata e nesta noite por causa da chuva fina que caia e os engarrafamentos que encontrei pelo caminho até pegar uma BR a viagem ficou mais chata ainda.
Como tive que jantar tarde e sempre procuro fazer digestão antes de dormir fiquei enrolando para dormir, tentei assistir algum filme, mas nada de novo, tudo repetido, então desliguei a TV e comecei a ler um livro de Fausto Wolff “À MÃO ESQUERDA”. Depois de algum tempo senti que já podia ir dormir, mas já tinha passado de meia-noite, já era uma hora da madrugada, me assustei com o horário e fui logo tentar dormir por que pela manhã tinha que trabalhar cedinho. O sono veio, mas não parecia um sono pleno e tranquilo como acontece quando estamos cansados. Peguei no sono profundo e durante a madrugada veio um sonho estranho que parecia real no qual vou tentar relatar aqui.
Estava muito cansado aguardando o metrô, depois de um dia de trabalho parecia exausto, neste dia tinha começado a trabalhar cedo, não escutei o motivo explicado no dia anterior, mas tinha que cumprir minha função. Estranhei o movimento no metrô, talvez tivesse saído mais cedo que outros dias então o movimento estava tranquilo para ir embora, porque nos outros dias era um Deus nos acuda de tanta gente brigando por um lugar para ir para casa, não era para sentar como alguém possa imaginar.
Enquanto aguardava minha composição do metrô observei que chegava uma composição atrás da outra e o movimento de gente era muito grande, todo mundo saia cantando, gritando, com camisas e bandeirolas na mão, como estava muito cansando não dei importância, a única coisa que queria era ir para casa e descansar.
Minha composição do metrô começou a demorar mais que o normal, antão comecei a estranhar a demora enquanto via o movimento na plataforma, do meu lado quase ninguém e do outro lado abarrotado de gente. Neste instante chegou minha composição do metrô, entrei e deixei meus pensamentos para trás. Sentei coisa que em outros dias não conseguia e cochilei até minha estação.
Cheguei a minha estação, desci do metrô e subi a escada bem devagar gastando minhas ultimas energias para poder descansar em paz. Quando sai da estação olhei para o lado e observei um grande estádio, nunca tinha parado para observar, parecia que naquele dia o grande estádio estava maior, como se alguém o tivesse projetado em uma dimensão 3D.
O estádio estava bem próximo de mim, dava para ouvir os gritos das pessoas, a movimentação era intensa, em uma visão mais apurada parecia uma grande pirâmide ou outra obra faraônica do mundo de tão grande que era. Em um instante qualquer a imagem do estádio se afastou e deu para ver quanta gente entrava e andava para um lado e para outro, parecia um grande formigueiro quando acontecem as primeiras chuvas ou quando provocamos cutucando o buraco.
Com tanta agitação descobri que se tratava de um jogo, mas como estava cansado nem dei importância e segui para minha casa deixando aquela imagem do grande estádio cheio de gente atrás de mim. Entrei em casa tomei um banho, fiz um lanche rápido e fui deitar no sofá para tentar tirar um cochilo e descansar o corpo que neste dia fazia questão e exigia da minha alma.
Peguei no sono e este sono parecia profundo ou um pesadelo estava tomando conta de mim, pois comecei a ver coisas que me assustou e em um sobressalto acordei e fiquei de pé na sala olhando pela janela as poucas pessoas que ficou na minha rua correndo e apontando o dedo na direção do estádio. Estranhei e bem devagar me dirigi a rua, muitas pessoas estavam olhando para o grande estádio, apontando o dedo como se indicasse algum acontecimento.
Uma sensação ruim me veio de repente então andei mais rápido para poder visualizar melhor o estádio. Quando estava diante, com a visão total vi uma coisa assombrosa, o estádio estava caindo, uma parte ruía e se despedaçava levando as pessoas que gritavam em pavor. A poeira começava a subir juntando com fumaça enquanto outra parte também começava a cair.
Quem estava na rua não acreditava no que via, um estádio lotado sendo desmanchado como se fosse uma maquete matando grande quantidade de pessoas. O choro era comum, as mãos na cabeça em desespero e outros andavam de um lado para o outro como se não soubesse o que fazer. O estádio de tão grande parecia estar perto, mas para quem estava na rua tinha que pegar o metrô para chegar até o local do grande desastre.
Um grande barulho de sirenes se espalhou por todos os cantos, como cigarras que começam a cantar e não param mais. Uma ampla poeira se formou em volta do grande monumento escondendo toda sua beleza anterior. Era tarde e a noite se apresentava com a chegada do por do sol. A mistura da luz alaranjada escura do entardecer com a poeira faziam daquele dia um dia sombrio de choro e agouros por todos os cantos.
As ruas foram fechadas, não havia circulação de carros, motos e ônibus. O metrô fechou todas as suas estações e a única coisa que dava para vê era movimentação dos policiais e bombeiros tentando resgatar as vítimas dos escombros empoeirados caídos no chão.
Sem nada poder fazer voltei para meu sofá, liguei a TV e comecei a assistir os noticiários da tragédia ocorrida durante um jogo de futebol, não conseguia saber onde tinha acontecido, novamente comecei a adormecer. Quando acordei às quatro horas da madrugada fiquei confuso, sentei na cama e fiquei um bom tempo tentando entender o sonho até resolver escreve-lo.
Um grande pressentimento tomou conta de mim, talvez por causa destas construções faraônicas de estádios sem um comprometimento com o povo que irão lotá-los durante os jogos da copa do mundo. Onde moro não uso o metrô. Deus queira que o meu sonho seja apenas um sonho imaginário.