DAS MARGENS DO PAJEÚ
Das margens do Pajeú,
Como uma criança inquieta,
Debaixo de um pé de imbú,
Me vi com uma vontade certa.
Como um pobre infante,
Vi meus sonhos ganhando asas,
E em um cesto que vagueia vacilante,
Com o peito ardendo em brasas.
Desci nas águas turvas do rio,
Almejando terras desconhecidas,
Na vontade, não atinava o desafio,
Os conselhos, não valiam nada.
Busquei por terras distantes,
Naveguei por dias e noites frias,
Era apenas um pobre infante,
Tendo nos olhos estrelas guias.
Guiado pelas estrelas dos magos,
Fugindo da seca sufocante,
As palavras, eram ecos vagos,
No desejo de um pobre errrante.
Agora a nau que me leva neste sonho,
De infante no peito de lavas ferventes,
Debruçado em um pesadelo medonho,
Nesse rio de águas correntes.
Deixei para trás a Serra da Balança
Em busca das carrancas e a náu,
No majestoso Chico, a esperança,
Na minha reza, o pelo sinal.
Em um olhar inconsequente,
Num flerte puro e casual,
Surgiu o amor como um repente,
Assim com surgiu a náu.
Meu peito ferveu longamente,
Como a seca do sertão,
Parecia o veneno de uma serpente,
Asfixiando um coração.
As brasas queimavam minha alma,
Oriundo de uma paixão,
Que parece desconhecer a calma,
De um vagante na solidão.
Surgido das margens do Pajeú,
Em um tempo de contradição,
Debaixo de um pé de imbú,
De um sonho na contramão.
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 06/11/2012
Alterado em 05/12/2016