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LÉO PAJEÚ LÉO BARGOM LEONIRES
Poesias e Contos, Sentimentos e Versos, Sonhos e Visões de um Premonitor.
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Textos
                 CHAMADA ANÔNIMA

A noite estava quente, o aperto dentro do carro fazia com que o calor incomodasse mais ainda. No gol 1.0 ano 2001, preto parado sob a sombra da grande árvore na rua quase escura, quatro elementos aguardavam uma ligação para receber o pagamento pelo serviço prestado no inicio daquela noite.
O telefone celular toca e todos se movimentam, mas ninguém acaba pegando para atender, após alguns segundos passados Jeferson pega o telefone e Cezar logo o interpela dizendo:
- Jeferson coloca o celular na viva voz, vamos escutar aonde vamos pegar nossa grana. – diz Cezar sorrindo para os demais.
Jeferson obedece e coloca o celular na viva voz para escutar o recado o qual os quatro estavam esperando.
Por alguns instantes o silencio toma conta, todos ficam aguardando alguém falar, mas os segundos em silêncio os deixam preocupados.
Um som estranho começa a ser ouvido, ainda baixo como se quem estivesse tentando falar estivesse longe. A tensão aumenta, pois nada de concreto sai do celular.
O som do celular agora aumenta e todos ficam atentos para ouvir alguma mensagem, um barulho peculiar a uma respiração ofegante começa a ser emitida com interrupção. Este barulho da respiração é como se alguém estivesse tentando respirar com dificuldade, mas parece não conseguir. Uma voz feminina mostrando dificuldade agora audível diz:
- Onde estou? Tirem-me daqui? Estou sem ar...
Cezar olha para Robson com cara de raiva e diz:
- Você não a matou, seu imbecil.
- Matei, matei, tenho certeza que fiz isso. – Diz Robson demostrando medo em seus olhos aflitos.
- Acho que este safado não a matou, vi logo que o imbecil não iria fazer isso, não quis transar com ela, ficou com medinho, parecia apaixonado por aquela garota. – Diz Jorge olhando para Robson com cara de ódio.
- Tem razão Jorge, este safado, filho da puta ficou olhando muito para aquela piranha e não teve coragem de mata-la, e nós agora ficamos na pior, confiamos em um menor de idade para fazer o serviço, agora estamos em maus lençóis. – Diz Jeferson com olhar ainda mais raivoso para Robson.
- Eu bati nela com força, tenho certeza que ela morreu, ainda enterrei bem enterrado, se ela não morreu com a batida na cabeça não vai escapar debaixo daquela terra. – Diz Robson tentando se defender.
- Não vem com essa seu safado, além de não mata-la você ainda deixou um celular com ela, acho que você ia voltar e salvá-la seu estúpido, agora você vai encontrar com ela no inferno, canalha. – Diz Jorge com muita raiva.

Robson tenta convencer os comparsas, mas ninguém agora lhe dar ouvido. Cezar liga o carro e acelera em direção ao matagal onde deixaram Eliza enterrada viva. Enquanto guiava o carro Cezar acerta Robson com um bofetão arrancando-lhe sangue do nariz. Jeferson sem piedade começa a dar-lhe soco no estômago, enquanto isso Jorge o mais violento do grupo apenas confere se seu revolver estar com todos os cartuchos girando o tambor.
Durante o percurso a pancadaria deixa Robson sem sentidos, seus comparsas descasam da surra e discutem entre si, um acusando o outro por causa da bobeira do Robson em não ter feito o serviço direito.
Uma freada brusca faz com todos fiquem atentos, pois chegaram ao local que deixaram Eliza Enterrada viva. Jeferson com uma lanterna acessa desce do carro já procurando o buraco onde deixaram a garota. Jorge pensativo apenas observa o desespero de Cezar e Jeferson procurando a garota enterrada. Enquanto isso Robson sem sentido permanece imóvel no banco traseiro do gol.
Jorge mexe o corpo de Robson que não demonstra qualquer reação, confiante que estar desacordado, pega também uma lanterna e vai ao encontro de seus comparsas dentro da mata. Um grito o faz parar para escutar.
- Encontrei o buraco, vem logo, é aqui? – Diz Jeferson ofegante pela correria até encontrar o buraco onde tinham deixado à garota.
Jorge chega ao local logo após Cezar que já se encontra adiante. Quando os três já estão em volta do buraco, Jorge e Jeferson focam a luz da lanterna para vê se encontram alguma coisa. Para surpresa de ambos, encontram muita terra revirada como se alguém com bastante dificuldade tivesse saído dali cavando e arrastando terra com as mãos.
Certos que a garota já não estava ali voltaram correndo para o carro para matar com brutalidade o causador de todo aquele trabalho mau feito. Jorge estava tão furioso que soprava o ar pelo o nariz como um animal feroz. Cezar empunhava uma faca que de tão afiada reluzia a pouca luz que vinha da lanterna diante de toda aquela escuridão.
Ao chegar próximo ao carro os três o cercaram como se fossem caçar um bicho que estava dentro. Quando se aproximaram notaram que não havia ninguém dentro do carro. Seus olhos se arregalaram e um grito tenebroso e arrepiante ecoou dentro da mata.
- Nós deixemos aquele filho da puta aqui, bem desmaiado, agora o safado sumiu igual aquela piranha que ele não matou. – Diz Jorge desolado e com muita raiva.
- E agora o que vamos fazer? - Diz Jeferson demostrando medo olhando aos arredores procurando de onde vinha o grito.
- Estes filhos da puta devem estar por ai, então não vamos sair daqui enquanto não matarmos e enterrá-los aqui nessa mata. – Diz Jorge demonstrando coragem.
- Esta mata é muito fechada e a noite estar ficando muito densa, como vamos encontrá-los? – Diz Cezar já meio desanimado.
- Isso eu não sei, mas vamos ter que encontrá-los, pois temos que receber uma grana por este serviço e ainda tem que ser hoje. – Diz Jorge com raiva.

Outro grito tenebroso é ecoado dentro da mata escura, Jeferson se aproxima de Cezar com se quisesse se proteger. Jorge observa sua atitude e logo reclama:
- Você estar virando bichinha, tá com medinho, isso deve ser uma coruja ou outro bicho da noite, qualquer coisa anda te assustando agora mané. – Diz Jorge tentando provocar Jeferson que apenas troca olhar e fica quieto observando para os lados como se estivesse morrendo de medo.
Um vulto aparece na escuridão bem adiante dos três. O vulto levanta os braços e começa a andar em suas direções. Jorge esboça um sorriso acreditando que é o Robson que não conseguiu sair da mata e estar retornando.
De repente outro vulto passa por trás dos três fazendo o vento ficar mais forte o qual faz as pontas suas camisas levantarem e assanhar seus cabelos. Agora os três estão mais juntos e o medo agora é assustador.
Um começa a olhar para o outro enquanto os dois vultos começam a se aproximar na noite escura. Quando se sentem cercado por algo que desconhecem uma grande luz aparece e tudo some.
Um velho guiando um velho carro aparece e assim Jorge, Jeferson e Cezar ganham fôlego para sair dali daquela mata assustadora sem problema.
Uma coisa eles levavam em seus pensamentos, onde estão aqueles dois, será que não morreram ou será que foram levados pelos aqueles vultos e o dono daquele grito assustador.
Alguns dias se passaram e os amigos comparsas estavam quietos, receberam a grana pela a morte da garota e isso fez com que ficassem alguns dias sem aprontar algum crime na região.
Em uma noite fria Jeferson após cheirar um traço de cocaína fica parado de braços e pernas abertas curtindo algum sonho imaginário. Seu celular começa a tocar uma música de rock pesado, seu olhar se volta para sua direção enquanto sua mão o pega.
Com preguiça de colocar o celular no ouvido Jeferson liga a viva voz e aguarda alguém falar, por alguns instantes tudo fica parado, logo em seguida um som peculiar de uma pessoa cansada ou com dificuldade para respirar é ouvida com nitidez.
Aquele som de novo, será o que é, como depois de tanto tempo isso voltou. Jeferson pega o celular para tentar identificar o número e para sua surpresa vê escrito apenas “chamada anônima”.

Desesperando, tonto e sem direção Jeferson sai batendo nos móveis do apartamento e tenta não ouvir aquele som que parece de uma pessoa morrendo sem ar em algum lugar, sem socorro. Um vulto aparece em sua porta, Jeferson passa a mão no rosto para vê se não é uma ilusão, mas o vulto permanece no mesmo lugar lhe fixando firmemente.
Jeferson começa a jogar pequenos objetos no vulto, que não se move enquanto os objetos vão quebrando na parede e aumentando seu desespero. Após algum tempo combatendo um espectro Jeferson se cansa e fica parado chorando e reclamando da vida.
Outro espectro surge e se junta ao que já estava. Jeferson arregala os olhos enquanto os vultos vão andando em sua direção. Jeferson se encosta-se à parede na tentativa de se apoiar e tentar fugir, mas não tem forças. Um primeiro espectro chega bem perto de sua face e a pouca luz revela o rosto de Robson que com um olhar frio e odioso lhe fala:

- Voltamos para nos vingar, vocês nos deixaram naquela floresta para morrer, mas um velho misterioso nos achou e nos deu a vida novamente em troca que combatêssemos criminosos malditos como vocês que se drogam, estupram e matam por qualquer trocado pessoas que nunca o fizeram mau. – Diz o espectro de Robson com sua voz fria e sua face esbranquiçada sem vida.
O segundo espectro se aproximou de Jeferson e ficou bem perto de seu rosto, seu braço ergueu-se lentamente trazendo um celular em sua mão que emitia o som terrível de uma pessoa morrendo sem ar debaixo da terra.
Jeferson logo descobriu que se tratava da garota o qual junto com Robson agora clamava por vingança. O Celular parou de tocar enquanto sua vida era retirada ao poucos transformando seu corpo e um pedaço de carne podre e fria deixada ao chão.
Nesta mesma noite o celular de Cezar começa a tocar enquanto ele tenta fazer a cabeça de uma prostituta oferecendo drogas e começa a retirar suas roupas jogando-as ao chão.
A prostituta se deixa levar, mas depois se irrita com o toque do celular e pede para o Cezar atender, com jeito risonho e alcoolizado apenas o pega e liga a viva voz para ouvir alguém falando ou alguma mensagem.

Por alguns segundos tudo fica em silêncio, mas em seguida o celular começa a emitir o som de uma pessoa com dificuldade de respirar, pedindo socorro desesperada. Cezar arregala os olhos enquanto a prostituta começa a rir achando tratar-se de uma brincadeira ou um peguinhas dos amigos.
Cezar fica desesperado e começa a andar com sua pouca roupa de um lado para o outro. A prostituta ainda sem saber o que estar acontecendo permanece rindo entendendo que se trata de uma brincadeira.
Algumas luzes do apartamento apagam-se misteriosamente, isso tira o sorriso da prostituta e deixa Cezar mais apreensivo. O primeiro vulto aparece sem mais nem menos na janela. 
Cezar não acredita que alguém entrou por ali, pois mora no décimo andar, como que alguém poderia escalar o prédio e chegar ali. A prostituta começa a se afastar bem devagar ajeitando suas roupas quase retiradas de seu corpo quando no inicio da farra com Cezar.
O segundo vulto surge do outro lado cercando Cezar enquanto a prostituta consegue sair do raio do confronto, entendendo que o problema é com seu companheiro e não com ela.
A prostituta paralisada observa quando os dois espectros se aproximam e sugam a vida de Cezar como se retirasse sua alma por sua boca. Seu corpo vai perdendo tamanho como se murchasse e ganhasse uma cor esbranquiçada, como a cor da morte.
Sem qualquer reação a prostituta desmaia e ali permanece até ser encontrada pela polícia que lhe acorda pedindo explicação do ocorrido naquela noite, com os olhos assustados ela apenas gesticula sem conseguir falar nada sobre os ocorrida naquela noite tenebrosa. A perícia aponta para overdose e descarta um assassinato.
A noite teima e não acabar, Jorge tanta negociar um novo trabalho em um beco bem escuro, a conversa parece que vai longe, a negociação é lenta. 
Quando uma boa oferta é oferecida os seus olhos brilham com montante arrancando um sorriso no fim da noite. Seu celular começa a tocar, mas cauteloso demora em atender, enquanto fecha o negócio.
Os primeiros raios de sol começam a surgir timidamente nas montanhas anunciando o dia. A noite perde força e o dia não demora a chegar, os espectros correm com as sombras ganhando os cantos escuros da cidade aguardando a noite chegar para continuar seu combate as pessoas ruins dos confins daquela metrópole perdida e dominada por criminosos inescrupulosos.
O dia passa rápido e a noite chega quando o metrô ganha velocidade nas profundezas da terra sobre trilhos escuros levando passageiros de todo tipo daquela cidade impura de um lado para o outro. Um celular toca enquanto o metrô passa pelo o túnel escuro do centro da cidade.
De quem será aquele celular, será o meu, será o seu, quem terá coragem de atender enquanto os vagões vão correndo nos trilhos pelo o túnel escuro. Liga a viva voz e observa o visor do celular, será uma chamada anônima...
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 18/03/2013
Alterado em 13/09/2013
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
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