BRAZLÂNDIA
Quando te conheci, era quarentona,
Mas, não parecia, não havia sinais,
Com a potência de minha juventude,
Corri pelas ruas, teus cantos vicinais,
Vaguei por teus traços, praças, limites,
Alegre, não eram sonhos surreais.
Quando te conheci era ocasião, evolução.
Não tinha como ficar acuado, não ir fundo,
Buscar novos caminhos, almejar o amanhã,
Planejar, crescer e acompanhar o mundo,
Bater no peito, sentir toda a emoção,
Sem medo, mergulhando profundo.
Quando te conheci ainda era muito jovem,
Um menino, conhecendo o desconhecido,
Quase esquecido, entre tantos, multidão...
Correndo pelas esquinas, moleque, enxerido,
A bola rolando na rua, um bete na mão,
Numa roda de amigos, fazendo sentido.
Quando te conheci houve um pacto,
Adotaste-me, eu te adotei, sem coação,
Nosso sonho, o desejo, era intacto,
Como dois amigos, que faz uma junção,
Cada um com seus desejos, sonhos...
Com a mesma vontade, mesma paixão.
Num tempo equidistante, tu eras expoente,
Quando explorei teus limites, ruas, quintais,
Conhecendo teus olhos-d'água, o sol poente,
As veredas, tuas esquinas, os terminais,
Imaginando, como alguém que ama, sente,
Deslumbrado em sonhos, completos ideais.
Quando te conheci decidi ficar,
Crescer contigo, tornar-se teu amigo,
Teu defensor, admirador e morador ideal,
Aquele, que te conhece, merece o abrigo,
E te faz jus, nesse momento, ponto final,
Como é bom viver aqui, está contigo...
Brazlândia, te conheci aos quarenta,
E aos oitenta e seis, não te deixo jamais...
Léo Pajeú