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COMPLEXO DOS DEUSES
Era um tempo remoto os deuses dominavam e determinavam tudo na terra. Poseidon Deus do mar conheceu Anfitrite filha de Nereu e Dóris e por sua determinação se casaria com ela. Mas não era o desejo de sua pretendida e em uma fuga bem arquitetada por Dóris tentando ajudar a filha que não queria casar-se com Poseidon o qual tinha se apaixonado perdidamente a escondeu em águas desconhecidas, onde ninguém poderia acha-la, somente sua mãe sabia onde era o lugar. Poseidon irritado mandou vasculhar todos os mares e não a encontrou, mas em um rio de água doce de cânions vermelhos Anfitrite conseguiu se esconder por muito tempo sendo encontrada por um Delfim que a convenceu voltar e se casar com o algoz Deus do mar. Em seu ventre Anfitrite levava um filho de um romance breve com Logum Odê filho de Oxum, deusa do rio onde ficou escondida de Poseidon por muito tempo. O temível Deus do mar Poseidon quando descobriu que o filho que Anfitrite carregava em seu ventre não era seu, o excomungou e o mandou de volta para os rios onde tinha sido gerado, Odê como foi chamado foi criado por sua avó Oxum e seu pai Logum Odê o qual reinou os rios como príncipe, mas nunca esqueceu as atitudes de Poseidon, sua mãe não lhe saia do pensamento, por esta razão vivia sozinho, acalentava suas mágoas no convívio com animais aquáticos e terrestres onde se tornou um solitário, revezava as águas dos rios e os grandes galhos de árvores das margens para viver sua solidão. Solitário Odê só aparecia nas manhãs ou no fim da tarde onde ficava em cima de grandes galhos das árvores nas margens e sobre as pedras do rio olhando seu curso ou observando o mar. Sua primeira morada foi na Ilha do Fogo onde em noites densas permanecia no cume do pico da única pedra por toda noite pensando em sua mãe Anfitrite que vive nas profundezas do mar, sob o domínio de Poseidon. Para espantar frequentadores que queriam explorar a ilha se transformava em uma grande Serpente D’água que vagueava provocando clarões com sua pele brilhante com o reflexo das águas.
Em outras aparições se transformava em um Macaco Aquático e no Caboclo D’água para defender o grande rio e afugentar pescadores, os assombrando ou virando seus barcos. Em sua homenagem fazem carrancas para poderem navegar e pescar em paz. Depois de centenas de anos Oxum deusa dos rios ordena que Odê se torne mais terreno e que procure uma mortal para gerar um herdeiro, como fazia outros deuses. As lembranças de sua mãe e a solidão o qual tinha como companheira tinha lhe tirado as vontades e artimanhas da parte de seu pai, um sedutor, charmoso e elegante. Mas a determinação de sua avó Oxum era para ser cumprida e deste antão Odê planejava aparecer para alguém, alguma pretendente mortal que não se assustasse com sua presença e aceitasse conviver com um semideus, príncipe dos rios. Vagando pelas as águas do grande rio retorna a Ilha do Fogo, sua mais antiga morada. Em um fim de tarde rodeando a ilha observa que tem algumas pessoas explorando e nadando nas águas do grande rio, outras andando pela areia da praia, recua sua investida, mas não poderia desobedecer a um pedido da deusa dos rios. Tinha que tentar se aproximar de uma mortal. Como um hábil observador, percebe que uma linda jovem se afasta do grupo de amigos enquanto olha a vegetação da ilha vagarosamente, com rapidez e agilidade em pouco tempo já se encontra em meio à vegetação, se camuflando como um grande cameleão. Com um olhar fixo a olha intensamente apreciando toda sua beleza, sua imaginação flui e a imagina como sua linda mãe, mas naquele momento tinha que se esquecer de seu passado e se aproximar de uma mortal como foi ordenado. Ainda camuflado pela vegetação apenas apreciava toda beleza daquela mortal.
A linda jovem cada vez mais distante dos demais deixava Odê mais excitado e confiante, aguardava o momento certo para se aproximar e tentar falar com a bela mortal. Seu coração parecia não lhe enganar, aquela seria sua primeira e única paixão, o destino lhe traria a felicidade depois de centenas de anos confinado e solitário. Seu coração bateu mais forte, sua primeira tentativa estava para acontecer, mas sua demora foi crucial, pois um dos amigos chegou correndo e a alertou: - Amanda o que você faz ai, não se afaste muito, este lugar tem coisas misteriosas, esta ilha tem seres desconhecidos, pessoas já desapareceram aqui, venha para junto de nos. – Diz um dos amigos de Amanda alertando sobre os perigos que poderia correr ali. - Tudo bem, já estou indo, só vou dar uma olhada por aqui e já volto. – Diz Amanda expressando um lindo sorriso enquanto toca as folhas das plantas. Bem camuflado em meio à vegetação Odê sente quando a mão macia de Amanda o acaricia juntamente com as folhas que toca, o sorriso que expressa o deixa delirando de paixão. Amanda pressente algo e recolhe a mão, por algum instante fica apreensiva, mas após um pouco de silêncio e reflexão, ouvindo apenas o barulho das pequenas ondas das águas do rio que chega a suas margens retorna a tocar as folhas e flores que embelezam a pouca vegetação da ilha. Odê após sentir todo aquele carinho, aquela mão macia, sentir o perfume e vê toda beleza mortal de Amanda fica mais excitado e apreensivo, nada o impediria de se aproximar, mas sua tentativa novamente é frustrada, pois o amigo insiste novamente em chama-la: - Já não te avisei dos perigos dessa ilha, a Serpente D’água, o Caboclo D’água, o Macaco Aquático, volta pra cá, vamos embora. – Diz o amigo de Amanda tentando intimida-la com algumas histórias da ilha. - Que perigo é esse, não vejo nada a não ser muita beleza nessa pequena ilha, de onde tiraram essas histórias. – Diz Amanda com jeito tranquila, sem expressar medo. - Tudo bem, se você quiser ficar aqui, fique a vontade, já estar escurecendo, se não vier logo vamos te deixar ai, o Macaco Aquático vem para te levar para o fundo do rio, nunca mais a veremos. – Diz novamente o amigo com um tom ameaçador. - Podem ir, depois vou com alguém, vocês vão perder o por do sol, vou para o pico mais alto aprecia-lo, não tenho medo dessas lendas, se encontrar o Macaco ou o Caboclo ficarei amigos deles, pelo o menos não são igual a vocês, um bando de alcoólatras sem respeito. – Diz Amanda deixando seu amigo agoniado e Odê com um sorriso largo no rosto. - Você que pediu e o dono da carranca não vai esperar, se ele quiser voltar para te buscar é sorte sua. – Diz o amigo indo embora sem insistir mais. - Não se preocupe comigo, sei me virar, se não voltar estarei navegando por estes rios com o Caboclo D’água ou Macaco Aquático, o que for mais bonito eu vou. – Respondeu em tom de brincadeira Amanda. Em poucos instantes a ilha estava deserta, apenas Amanda ficou apreciando a beleza das águas e por do sol que começava a acontecer. Sentada no pico mais alto da ilha Amanda observava quanta beleza havia ali, a água corrente descendo o grande rio, a vegetação em volta, tudo era lindo.
Um grande arrepio em todo corpo lhe chamou atenção, não estava frio, mas seu corpo arrepiou fazendo seus pelos ficarem em pé lhe causando espanto. Um pressentimento lhe veio em mente e isso a deixou apreensiva, algo havia por ali, mas o quê, quem estaria ali, talvez seus amigos tivessem voltado se arrependeram da brincadeira, estava ali para resgatá-la, isso em poucos instantes foi percebido que não era e nada aconteceu, tudo ficou em silêncio profundo. Essas mudanças deixava Amanda nervosa, mas permaneceu no pico olhando para o rio e por de sol. Odê bem próximo e sabendo que Amanda já o pressentia ficava na dúvida de se aproximar ou não. Sua coragem apareceu e com cautela foi se aproximando, em um reflexo Amanda percebe sua presença, fica apreensiva e nervosa, mas aguarda uma explicação.
Com um corpo bronzeado, bem definido, cabelos lisos e negros sobre os ombros Odê se aproxima bem devagar, Amanda não esboça reação isso o deixando mais tranquilo para explicar sua aproximação. - Você também gostou de olhar o rio e o por do sol daqui de cima, tenho feito isso há vários anos, é a paisagem mais linda que já vi no mundo. – Diz Odê usando de sua fala mansa e sedutora. - Então você também gosta de apreciar a natureza, eu adoro, se pudessem ficava aqui a noite toda para vê se com a luz do luar fica mais lindo que o por do sol. – Diz Amanda já despreocupada com o belo rapaz. - Em noite de lua cheia é muito lindo e hoje isso pode acontecer, pois é noite de lua cheia, gostaria de ficar comigo para apreciar essa beleza. – Diz Odê convidando Amanda para ficar e apreciar a noite de luar no pico da Ilha do Fogo. - Não sei não, meus amigos podem aparecer a qualquer momento, se eles não voltarem topo ficar. – Diz Amanda expressando um sorriso malicioso. - Seus amigos já se foram, vi quando partiram, não voltarão mais e o pescador com sua carranca também não voltará, em noite de lua apenas eu fico aqui nessa ilha, ninguém tem coragem de aparecer nessas noites de lua. – Explica Odê com calma. - Então eu não tenho opção, tenho que aceitar seu convite e passar a noite aqui, acho que vai ser inesquecível, espero conhecer um pouco de você, me parece misterioso. – Diz Amanda provocando Odê. - Farei tudo que quiser, minha história é comprida, se tiver paciência ficaremos acordados por toda noite, mas contarei pelo menos uma parte. - Diz Odê deixando transparecer sua timidez. - Quero saber sim, de tudo, não precisa contar muitos detalhes, vou entender bem direitinho. – Diz Amando tentando ser mais amável. - Mas e se você não acreditar sentir medo, talvez eu não seja o que você vê, pode ser outra coisa que desconheça que nunca viu. – Diz Odê querendo deixar Amanda preparada para sua explicação sobre sua história. - Não vejo nada de errado em você, não se parece com os monstros que dizem que existem por aqui, pelo que contam, são enormes e feios, você é humano igual a mim, muito bonito por sinal. – Diz Amanda tentado deixar Odê mais a vontade para contar sua história. - Assim eu fico sem graça, mas minha história é muito triste e dolorosa, tem ouvidos para isso, depois garanto que escuto a sua. – Diz Odê mais descontraído. - Chega aqui mais perto, senta-se aqui comigo, vamos apreciar o por do sol do pico dessa ilha, temos muito que nos conhecer. – Diz Amando chamando Odê para perto de si. Sem pensar duas vezes Odê se aproxima e senta-se ao lado de Amanda enquanto pega sua mão macia, sentindo seu perfume que se mistura com os cheiros da ilha e das águas do grande rio. Com uma voz suave Odê começa a contar sua história enquanto Amanda aprecia o por do sol, a paisagem é tão linda que nem presta muito atenção na narrativa. Enquanto conta sua história Odê fica admirando toda beleza de Amanda, como se sua intenção fosse apenas de se aproximar para tentar expressar sua paixão repentina. Amanda olhando o lindo por do sol se encosta-se a Odê deixando seu corpo toca-lo. Aquele fim de tarde se tornaria inesquecível, como num passe de mágica dois corpos vão se atraindo como se predestinado fossem, seria uma obra dos deuses ou nasceria uma grande paixão sem interferência divina. Cada vez mais envolvido Odê se deixava dominar pela beleza de Amanda, esta parecendo encantada apenas se deixava levar. A noite foi chegando, o calor da região agora disputava com os dois corpos que ferviam num contato simples na aproximação, Amanda percebia que aquela noite não seria normal, pois seu coração disparava quando sentia o corpo de Odê junto ao seu. Tudo conspirava para uma paixão inexplicável, agora não havia volta, estavam entregue ao desejo. Por toda noite Odê e Amanda se amaram perdidamente saciando todos os seus desejos, tudo que foi falado foi aceito, todos os sonhos foram refeitos, não ouve explicações, apenas saciaram os desejos ardentes. Quando a manhã chegou com os primeiros raios de sol expandindo-se no céu iluminando o horizonte distante, os dois corpos saciados dos desejos carnais ainda permanecia sobre a areia na margem do grande rio. Uma carranca atracava com pescadores que começavam a traçar uma rota para mais um dia de pesca. Um dos pescadores ao se afastar um pouco do pequeno cais da ilha para admirar o nascer do sol, olhando em volta toda beleza que havia, observou na areia da pequena praia dois corpos deitados. Espantado chamou por seu amigo: - José vem aqui vê o que eu estou vendo, vem logo? – Diz o pescador assustado. - O que é Pedro, tá me assustando com esse medo nos olhos. – Responde o outro pescador. - Vem logo aqui, tem um casal nu ali na margem da praia, vem vê que coisa estranha. – Diz José muito assustado com a cena. - O que há de estranho nisso José, nos já vimos isso por estas bandas tantas vezes que não dar nem para contar. – Responde Pedro com um sorriso no rosto. - Mas isso você ainda não viu, um estar se transformando em uma grande serpente, vem logo vê, eu não estou acreditando. – Diz José com os olhos arregalados de medo. Pedro percebendo a aflição de José seu companheiro de pesca há longas datas corre e durante algum tempo observa atônito junto com José uma grande serpente deixando o corpo de uma linda mulher á margem da praia. A grande serpente sai mergulhando no grande rio enquanto deixa pequenas ondas na água ao longo das margens da ilha. José e Pedro correm em socorro a mulher que começa a acordar sonolentamente e percebe-se nua, sua reação é de desconhecimento do acontecido, sua mente não reflete o que ocorreu. Os pescadores a cobrem com uma toalha de praia enquanto observam que variada à linda mulher não sabe o que aconteceu. A história contada pelos os pescadores nunca foi acreditada em toda região, mais o grande rio guarda segredos que até hoje ninguém ainda consegui desvendar. Alguns meses se passaram, Amanda sente uma forte contração em sua barriga, uma criança estava se manifestando, mas se sentia confortável no habitar líquido que se formava a cada dia.
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 19/08/2013
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