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JOGO ON-LINE MORTAL 2
A RESSURREIÇÃO
Apesar de a noite clara, a nascente do córrego do Parque Veredinha com sua mata fechada conserva uma densa escuridão, mesmo estando no centro da cidade esse lugar na boca da noite fica deserto e tenebroso.
Se aproveitando dessa mata fechada e escura Corpo Seco vaga por esta área sem que ninguém o tivesse visto. Mas na verdade Corpo Seco não estava sozinho nesta noite, dentro da mata, alguém o espreitava e o seguia com cautela e esperteza de uma serpente.
Já desconfiado que fosse observado, Corpo Seco se camufla entre as árvores e folhas bem atento. Cristal dessa vez tinha se aproximado o mais perto possível, uma foto, um contato seria muito importante para sua missão. Mas para sua surpresa o celular toca nesse instante e ao pegar o telefone e observar Corpo Seco acaba o perdendo de vista dentro da mata fechada do Parque Veredinha. Com raiva e um tom de desaprovação Cristal atende ao telefone:
- Xavier, você não sabe o que acabou de fazer. – Imagine você bem perto de realizar uma missão e nesse momento o que não podia acontecer, acontece, um idiota liga, atrapalhando tudo. – Diz Cristal desapontada.
- Desculpe Cristal, mas temos uma missão mais importante, quatro corpos estão nesse momento em um Instituto Médico Legal. – Letícia acabou de ligar para informar e pela as características o seu fugitivo ai tem a ver com estas mortes. – Temos que nos encontrar o mais rápido, pois eles não podem passar por esse procedimento, se isso ocorrer não terá como salvá-los. – Estou indo para o IML, te aguardo lá, tchau. – Diz Xavier demostrando pressa.
Cristal olha para um lado e para o outro, lamenta mais uma vez sua caçada sem êxito. Faz o caminho estreito de volta saindo da nascente do Parque Veredinha, encontra sua moto descaçando sob o pedal, coloca o capacete, dar mais uma olhada para a mata conferindo o local, liga a motocicleta e sai para encontrar Xavier.
A noite por alguma razão volta a se tornar nebulosa e fria, algo estava acontecendo de anormal. Em volta do IML havia um pequeno nevoeiro, quase o escondendo, o silêncio só era interrompido pelo escapamento barulhento da moto de Cristal que logo foi interceptado por Xavier que a fez desligar.
- Não podemos nos aproximar de moto, vamos chamar atenção, temos que encontrar os corpos e tirá-los de lá sem ninguém saber. – Diz Xavier com voz baixa.
- Você deve estar maluco, como vamos invadir o IML, roubar os corpos sem que ninguém descubra, só nessa sua cabeça oca mesmo para surgir uma ideia dessas. – Diz Cristal demostrando insegurança.
- Não se preocupe Letícia já providenciou o transporte, só temos que entrar e pegá-los, isso será fácil, contamos com sua esperteza. – Diz Xavier com um sorriso provocando Cristal, que nesse instante lhe esmurra no ombro.
- Você pode me dizer que transporte é esse Xavier, pois a Letícia com aquela carinha de desatenta só arruma problema com suas ideias malucas. – Diz Cristal demonstrando preocupação com as ideias de Letícia.
- O que você esperava, é um carro de funerária, daqueles grandes que podemos carregar até quatro corpos sem qualquer problema. – Diz Xavier tentando tranquilizar Cristal.
- Dessa vez nossa amiga conseguiu me convencer, acho uma boa ideia, agora é como vamos entrar e pegar esses corpos. – Pelo o jeito nisso você não pensou, ou pensou, às vezes acho que você nem pensa. – Diz Cristal tentando provocar o amigo.
- Isso é que é amiga, toma aqui o crachá e o jaleco da funerária, vamos logo com isso, não temos a noite toda, e olha que essa parece uma das piores. – Diz Xavier apressando Cristal para a missão noturna.
Após algum tempo Xavier e Cristal já se encontravam dentro do IML, procuravam algum corpo, mas o usava como disfarce até chegar onde queriam, nos corpos dessecados dos jovens que por alguma razão não estavam nos locais predestinados aos corpos que chegam ao IML.
A busca foi intensa enquanto disfarçavam andando entre os funcionários do IML. A noite ficou mais fria, uma leve chuva começou a cair lá fora, dava para vê pelas as janelas do prédio. Para completar a noite uma névoa começou a se formar por todos os cantos embasando as luzes dos postes em volta de IML.
Após descerem uma escada que dava para o subsolo do prédio, Cristal e Xavier se depararam com um corredor que parecia diferente dos demais, algo ali era mantido em segredo, tinham que procurar os corpos a partir daquele setor.
As poucas luzes do corredor escondia uma grande sala bem ao fundo, dentro dela apenas uma luz permanecia acessa em volta de algo, como se só o que estava em volta dela precisasse de sua claridade. Isso parecia o fim da procura, o segredo parecia desvendado naquele instante.
O tempo corria e os corpos deveriam chegar até Lázaro para que a ressurreição pudesse acontecer, para isso deveriam estar em perfeita ordem, sem qualquer corte ou passado por perícia. Cristal e Xavier perceberam que a névoa ficou mais forte, invadindo todo prédio, por esta razão tinham que tirar os corpos dali mais rápido possível.
Um grande silêncio invadiu todo prédio, algo tinha deixando o local tão frio e a neblina tão densa que tinha causado sonolência em todo mundo, apenas Xavier e Cristal acostumados com a rotina estavam consciente. Não demorou muito e os corpos foram encontrados na sala, todos dentro de sacos plásticos aguardando alguma perícia mais direcionada ou alguém queriam os corpos para alguma experiência não informada.
Com os corpos em macas hospitalares duplas, cada um carregava dois e empurrava pelo corredor escuro tentando sair do IML. Uma porta grande que se encontrava fechada parecia uma boa saída, a escuridão dificultava, mas agora não tinha volta. Após um pequeno percurso outra porta menor se abriu e para surpresa de Xavier e Cristal apareceu em meio à neblina densa um espectro que mais parecia o Corpo Seco. Um frio agora invadiu o estômago, pois o corpo já sofria desse mal.
Se aproveitando da neblina Cristal e Xavier conseguiram se esconder enquanto via Corpo Seco passar diante de seus olhos indo em direção da sala onde tinham tirado os jovens. Aquele instante foi puro pavor, o que Corpo Seco fazia ali, o que ele queria com os corpos dos jovens, algo dizia que não podiam esperar e logo que puderam saíram do prédio carregando os corpos, os colocaram no carro funerário partindo em seguida para a casa de Lázaro.
A noite tinha ficado muito estranha, a neblina densa, a chuva fina, tudo conspirava para algo tenebroso. Corpo Seco tinha domínio sobre aquele tempo naquele local, tudo conspirava a seu favor, mas na verdade não contava com a coragem de dois jovens discípulos de Lázaro, que voltava ao mundo dos vivos com a missão de ressuscitar aqueles sem o pecado para uma vida eterna.
No dia seguinte Larissa reencontra sua família que a aguarda com sorrisos e alegria, isso se repetindo com as famílias de Murilo, Vinícius e Barbara. A ressureição tinha acontecido e ninguém questionava ou fazia perguntas, como se o fato a parti de daquele dia se tornasse comum na terra transformando em esperança aqueles que por alguma razão deixassem de viver, mas não tivesse pecado.
A noite chegou Alice trancada em seu quarto se negava a comer ou sair para passear, tudo em sua volta parecia tenebroso e com a morte. Três pancadas foram ouvidas na porta, parecia insistente, alguém deveria abrir, novamente foram ouvidas as pancadas e tudo ficava em silêncio.
Alice curiosa chegou até a sala e por alguma razão abriu a porta, uma jovem parada as sua frente com um punho serrado emitiu luzes brilhantes e deu um sorriso. Alice olhou para seus pais que com um simples olhar concordou com sua missão, se despediu com um sorriso largo, segurou a mão de Cristal e um brilho forte reluziu na noite fazendo com que desaparecessem em instantes.
Os acontecimentos estão mudando o mundo, ouve-se pelos cantos da terra histórias de mortos vivos que perambulam e que circulam pelas as noites negras frias em busca de novos corpos secos, os retornando a vida como estão, enquanto isso Lázaro e seus discípulos tentam combater essa praga pela terra aonde vão. Tentando não deixar vir das fronteiras do firmamento os cavaleiros do apocalipse para sangrar toda vida da terra.
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 14/10/2013
Alterado em 14/10/2013
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