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LÉO PAJEÚ LÉO BARGOM LEONIRES
Poesias e Contos, Sentimentos e Versos, Sonhos e Visões de um Premonitor.
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Textos
FOI MEU TIO QUE DISSE...
 
O MENINO E O AZULÃO
 
          Meu tio me contou que nessas bandas do sertão aconteceu uma história muito bonita e também muito triste, é do Menino e o Azulão.
          O casal Antônio e Josefa tiveram um filho e colocaram o nome de Josué, por causa dessas coisa de Bíblia, religião num sabe, aqui no sertão é comum colocar esses nomes. Passou-se alguns anos e Josué já tava com seis anos, andava pra todo lado, corria e brincava com tudo e todos os bichos, mas o que Josué mais gostava era dos passarinhos, galo-de-campina, canário, coleirinha, bigode, xofreu, sabiá e muitos outros, ele só vivia nos matos ouvindo e olhando os bichinhos por todos os lados.
          Um dia vagando pela caatinga Josué encontrou uma pássaro que ainda não tinha visto de perto, só ouvia seu canto de longe. Um Azulão cantava em cima de um galho de marmeleiro, parecia que fazia um show para os outros passarinhos, parecia o rei, isso o encantou, por muito tempo ficou sentado debaixo de um pé de juá escutanto seu canto, o tempo passou, foi quando percebeu que já estava escurecendo, então saiu correndo para casa enquanto ouvia a cantoria do Azulão durante o percuso.
         Josué nem dormiu direito aquela noite, só pensando do danado do Azulão. “amanhã vou voltar lá só pra vê aquele linda passarinho cantando de novo”, pensou ele entre o sono e o sonho.
          Na manhã seguinte Josué nem tomou café, foi logo encontrar o Azulão, percorreu o mesmo caminho do dia anterior até chegar onde tinho o encontrado, ao chegar observou que ele não estava, mas paciente como ele era sentou-se novamento debaixo do pé de juá e aguardou, quendo menos esperou ouviu o canto do Azulão, isso lhe fez sentir-se muito bem naquela manhã, parecia que o amigo tinha entendido e veio lhe fazer companhia cantado.
          A partir daquele dia os dois se tornaram amigos, um oiuvinte e o outro cantador, por muitos dias isso aconteceu, parecia um encanto. Mas uma coisa aconteceu e por muitos dias o Azulão cantou no mesmo canto esperando seu ouvinte preferido mas ele não apareceu, seu canto começou a ficar triste, até outros passarinhos o abandonaram, não parecia aquele Azulão de outrora, que cantava com tanta paixão que todos paravam para ouvi-lo.
         A caatinga ficou triste, a seca chegou, tudo ficou triste, a água acabou, o que antes era lindo findou, muitos passaros sumiram, plantas verdes secaram eté esturricar, água dos riachos secou, virou só areia.
         O sertão virou um lugar de penúria e lamento, tudo entristeceu, parecia que Deus e meu Padim Ciço tinha esquecido daquelas terras e dos bichos viventes do sertão.
          Para desgraçar mais ainda Josué ficou doente, pegou um vírus e ficou quase paralisado, se mexia pouco, quase nem comia de tanto que ficou doente, é a tal de paralesia infantil que circula pela nossa região deixando muitas ciranças sem se mexer, tens uns que ficam até sem sair da cama, foi o caso de Josué, ficou deitado, só dava pra se mexer um pouco e ir a té a janela olhar se o Azulão não aparecia para cantar e amenizar sua dor de não poder correr pela caatinga, brincar com os bichos, ouvi os pássaros cantondo nas matas, ficou sem se mexer direito, só um braço ficou se mexendo e as pernas ficaram um pouco tortas, era assim que ele chegava até a janela para esperar o seu amigo Azulão.
         A noite toda relampeou, dava para Josué vê os clarões pelas brechas da janela que dava para a caatinga rum a serra, aqueles clarões assustavam, mas ele sabia que trazia chuva e se ela viensse seu amigo Azulão tambem poderia vir.
          As primeiras chuvas chegaram e com elas o verde da matas, os passaros, os grilos, sapos, abelhas, tudo que era bicho chegou, mas o Azulão ainda não. Num dia Josué ouvio ao longe o canto do Azulão, isso fez com chegasse a sua janela, mas não podia ir mais alem, sua saúde não deixava, então ele tristonho falava sozinho:
     - O que vou fazer, não posso andar, sair daqui, como vou avisar meu amigo Azulão que estou assim sem poder ouvi seu canto. – Diz Josué em voz baixa e triste.
          Novamente o canto do Azulão ecoa na caatinga, agora bem mais perto, isso despertou um ânimo em Josué, em sua janela olhava curioso e ancioso para todos os cantos tentando vê seu amigo cantandor. Depois de algum tempo o canto do ficou bem perto de sua janela, um pé de pinhão roxo ficava bem próximo e era dali que vinha o canto do Azulão.
          Um sorriso largo estampou seu rosto, mas ainda não via o Azulão, nem sabia se era o mesmo, mas seu estinto não falhava, era ele mesmo, só podia ser seu amigo que depois de uma seca danada voltou para cantar só pra ele, perto de sua janela.
         Novamente os amigos se reencontraram, o Azulão foi de encontro ao seu ouvinte e admirirador pois não o encontrou debaixo do pé de juá. Seu admirrador ficou novamente encantado, agora com seu cantador bem perto de sua janela, fazendo cantoria todos os dias no pé de pinhão roxo.
         Aquela amizade parecia uma junção de um anjo dos céus e um homem na terra, pois ninguém podia interferir. Essa era a palavra que não podeia existir, pois o pai de Josué vendo que durante toda seca ficou triste logo pensou em pegar o Azulão e coloca-lo numa gaiola, assim ele iria cantar todo tempo, não fugindo da seca deixando seu filho triste, pois não podia andar direito nem brincar pelo terreiro com outros animais.
          Seu Antônio logo preparou um alçapão, o armou bem no pé de pinhão Roxo até o Azulão cair, numa tarde bem sombria o passaro se debatia nas taletas do alçapão enquanto o algoz caçador sorria e dizia;
     - Agora quero vê meu filho ficar triste, tenho o Azulão aqui na minha mão, sua tristeza agora não mais existe, tenho o melhor cantador do sertão. – Dizia sorrido Seu Antônio enquanto balançava o alçãpão de um lado para o outro.
         Nesse dia tudo entristeceu, Seu Antônio com a gaiola na mão, seu filho o olhando com apreenseão, não entendia tanto pandemónio, não sabia o que aconteceu, seu pai com o amigo na mão, que corvardia tinha feito como seu amistoso Azulão.
          O que o pai pensava era o que não desejava, vê um pássaro preso numa gaiola, logo Josué que vivei livre correndo por todos os cantos, banhando nos riachos, seguindo veredas da caatinga, ouvindo o canto dos passarinhos em todos os cantos. Por que seu pai tinha feito aquilo, agora sua tristeza não tinha fim e o Azulão na gaiola que lhe pressentia imagina o mesmo fim.
         Aquela cena era muito triste, um menino preso em seu quarto por não poder andar direito por causa de uma doença infernal e um Azulão cantador preso em uma gaiola por causa de uma doença banal lhe fazendo companhia por puro capricho.
         O tempo foi passando e os dois amigos se olhavam todo dia, nem o Azulão cantava nem Josué sorria, parecia um castigo, uma sina dos infernos, dos amigos presos em duas circustâncias, um por uma doença outro por uma crença que nem compreendia.

         A dor foi tomando conta de suas almas e seus corpos em demasia, não se bebia nem se comia tudo que lhes oferecia. O tempo agora era o precursor de suas vidas, só ele podia dizer a hora, mas isso seria breve. Seu Antônio não percebia, achava que tudo estava bem, mas os dois não tinham mais razão para viver, a tristeza tinha tomado de conta, a prisão imposta não seria a razão de viver e de alegria.
         Em um dia daqueles bonitos de vê e viver naquele sertão, a chuva trazendo fartura, tudo que é bicho correndo pelos cantos e pássaros voandos nos céus, aquilo que era formosura, ali tinha um Deus que cuidava de tudo, mas diante de toda aquela beleza dois amigos dali partia.
          O Azulão amenheceu durinho e mortinho na gaiola, Josué o abraçando também dormia o sono infinito, apesar de tudo parecer tristeza, aquela cena até que perecia bonito, os dois pereciam almejar o céu saindo daquela prisão rumo ao infinito. Dizem que o dia depois ficou escuro, as nuvens carregadas e quase o céu caiu na terra, mas Deus não quis assim. Foi meu tio que disse e tudinho aconteceu assim.
        
 
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 30/01/2014
Alterado em 30/01/2014
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