O MOVIMENTO DO POVO
Vejo pelas ruas no entardecer febril
O movimento de um povo enfurecido,
Parecendo rebanho esquecido
Desde paragens do cerrado
Até os cantos profundos do Brasil.
Esse povo de amor à pátria,
Querem deixar um recado,
Sem bilhete, sem carta,
Para autoridades incomuns,
Que furtam os bens,
E descaradamente de novo,
Tentam voltar ao clero,
Deixando de ser sincero
Com o povo que lhe serviu.
Vejo pelas esquinas,
Vindo de todos os cantos,
Senhores, senhoras e meninas,
Carregando no rosto seus mantos,
Escondendo sua vergonha,
De governantes com intenções vis,
Que de tamanho é sua peçonha,
Carregando tudo que e fardo,
Fazendo deste muitos brasis,
Ainda deixam rastro de ratos,
Por onde anda e circula,
Descuidam do povo de fato,
Deixando zeros antes da vírgula.
Vejo pelas as avenidas,
Rodeando, rodeadas, trabalhadores incautos,
De sofrimento, fardo, abertos suas feridas,
Movimentos, braços erguidos, gritos autos,
Olhos abertos, frontes cingidas.
Vejo o movimento do povo,
Agora com mais certeza,
Deixando seu recado de novo,
Não venham, com ganância e avareza,
Pois iremos paras as ruas,
Reivindicar nossos desejos,
Desmontar as falcatruas
E matar os percevejos.
Vejo...
O movimento...
Do povo...