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A APARIÇÃO DO VIDRO EMBAÇADO
Todo dia era a mesma coisa, quando Camilla entrava no banheiro para tomar banho ninguém mais podia ter presa para usá-lo, não adiantava bater na porta, gritar, falar, qualquer tentativa era inválido. Ninguém conseguia entender por que um banho tinha que demorar tanto, por volta de quarenta minutos em média, podia marcar no relógio, nunca terminava antes disso.
Apesar dos avisos, de a rede elétrica cair de vez em quando, ninguém convencia Camilla que o tempo que ela levava para tomar banho era muito grande, seu pai sempre falava que dava para uma corporação do exército tomar banho no mesmo tempo, apesar disso ela não tomava jeito.
Um dia apareceu uma velha senhora, esta fez alerta e contou uma história de arrepiar:
- Olha, vou lhe contar uma história para que você alerte essa menina. – disse a velha senhora com o olhar sombrio. - Quem abusa no banho fere a natureza, a eletricidade é gerada pela á água e por esta razão o vapor provocado por causa do calor pode gerar aparições e dependendo do caso essa aparição pode até se locomover atacando banhistas abusados pelo excesso de uso de água e eletricidade. – Completou a velha senhora com voz altiva.
- Não sei como vamos convencer essa menina. – Diz o pai de Camilla aflito. – Todo mês a conta de água e de energia vem mais alta, já não sei o que fazer. – Complementa o pai de Camilla com tristeza nos olhos.
- Pois o aviso foi dado, aconteceram muitos casos de aparição nos últimos tempos, ninguém quer acreditar até acontecer com ele, mas estou avisando se ela continuar abusando uma hora o fantasma vai aparecer e quando vocês chegarem lá talvez ela já tenha sumido. – Diz a velha senhora convicta de suas palavras.
- Como assim sumir? Como isso pode acontecer? – Diz o pai de Camilla aflito.
- Todo mundo que abusa no banho pode receber a visita da “Aparição do Vidro Embaçado”, ele vem e carrega a pessoa para dentro dos vidros embaçados do banheiro, depois disso ninguém mais os verá. – Explica a velha senhora com calma. – A não ser que outra pessoa faça a mesma coisa ai um dos espectros que já foi puxado para dentro irá aparecer, mas não terá o mesmo poder, apenas se mostrará triste, arrependido, com frio e pedindo para sair, mas ninguém poderá ajudar. – Completa a velha senhora.
- Isso não é lenda urbana não? Nunca ouvi falar dessa história, a senhora só quer fazer medo, não é? – Diz João Paulo irmão de Camilla que ouve aquela história desconfiado com a seriedade como é contada.
- Você acredita se quiser, não posso obrigar ninguém a acreditar, mas se quiser pagar para saber se é verdade o problema é seu, mas já foi dado o aviso. – Diz a velha senhora enquanto começa a sair devagar pela rua.
Nesse instante Camilla chega da faculdade cansada e querendo tomar um banho, seu pai tenta contar a história, mas ela nem quer saber, João Paulo tenta, mas nada de convencê-la de que tem uma história assombrosa que precisa saber sobre o vidro embaçado no banheiro.
Mesmo sem acreditar muito na história da velha senhora João Paulo e o pai de Camilla ficam apreensivos, será que seria verdade ou aquela senhora apareceria ali do nada para lhe fazer medo.
Enquanto Camilla entra para o banho João Paulo fica assistindo TV e olhando para o relógio digital na intenção de observar quantos minutos ela gastaria para tomar banho. Seu pai agora preocupado tenta fazer alguma coisa para comer na cozinha, mas também fica observando os ponteiros do grande relógio marcando quanto tempo ela levará.
O tempo vai passando, o relógio digital vai mudando os números sem parar enquanto o grande relógio da cozinha gira seus ponteiros fazendo o barulho peculiar a cada segundo.
A noite aparece de repente e tão de repente é a queda de energia por causa do chuveiro ligado em sua temperatura máxima. Por alguns segundos todos ficam parados, ninguém se mexe, depois João Paulo e o Pai de Camilla correm em direção ao banheiro, começam a bater na porta e do outro lado nenhuma resposta, apenas a água descendo e se encontrando com o piso naquele barulho peculiar, parecia não haver ninguém dentro do banheiro, depois de saber que seu irmão e seu pai já estavam assustados Camilla fala:
- Não vão religar o disjuntor não seus molengas, a água aqui tá fria, vai logo ligar que estou esperando. – Diz Camilla esboçando uma gargalhada de dentro do banheiro.
Essa gargalhada parecia ter invocado algo e o tempo de o seu pai religar o disjuntor até a luz aparecer alguma coisa estava presente ali no banheiro. Camilla pressentiu, mas como não acredita nessas coisas deixou pra lá.
A luz chegou e novamente o chuveiro ligado no máximo começou a embaçar tudo em sua volta. Camilla sentiu que não estava sozinha, mesmo naquele Box que mal cabia duas pessoas, com uma das mãos começou a desligar o chuveiro vagarosamente enquanto o vapor tomava conta de tudo.
Por alguns segundos Camilla permaneceu parada, quando o vapor parou um pouco a luz do banheiro diminuiu sua intensidade como se fosse apagar. Numa reação comum Camilla passou a palma da mão no vidro do Box, uma imagem se moveu rapidamente pelo vidro. Camilla estranhou, mas insistiu, quando tentou novamente uma imagem apareceu e fixou o olhar aos seus a deixando por algum tempo imóvel.
Aquela aparição foi deixando Camilla enfeitiçada, era um jovem bonito, com um olhar triste, mas sem demonstrar existência. Enquanto Camilla passava à palma da mão no vidro a imagem ia se mostrando cada vez mais, isso a enfeitiçava mais ainda, já completamente a mostra a imagem se mostrou fria e com um olhar tenebroso despertou a atenção de Camilla, mas era tarde demais, um grito foi ouvido por toda casa.
Numa reação espontânea João Paulo deu um pulo do sofá e correu para a porta do banheiro, seu pai chegou logo em seguida e numa tentativa rápida conseguiram arrombar a porta, o vapor cobria tudo, não dava para vê quase nada.
Depois de abrirem a porta do Box devagar perceberam que lá não havia ninguém, olhando um para o outro com olhar de espanto tentam entender a situação, mas não tem como saberem o que realmente aconteceu.
Desesperadamente começam a passar a mão nos vidros do Box enquanto o vapor vai perdendo densidade, antes que acabe João Paulo ver uma imagem se dissipando no vidro temperado do Box, não tem certeza, mas parecia ser sua irmã.
Alguns minutos passam, João Paulo e seu pai ficam tentando entender o que aconteceu como Camilla sumiu dali, se realmente a velha senhora tinha contando uma história verdadeira ou estavam loucos, pois não a encontravam por toda casa, apenas ouviram um último pedido dela “Por favor, me tirem daqui”, esse pedido causou mais desespero e sem ter o que fazer ou como reagir, apenas ficaram olhando um para o outro tentando encontrar uma explicação.
Como o vento chega à velha senhora chegou suave e frio, numa reação estranha ela falou:
- O aviso foi dado, não acreditaram mim agora “A Aparição do Vidro Embaçado” levou mais uma vítima para dentro dos vidros temperados, nunca saberemos onde estão, vagarão como almas penadas por dentro desses vidros e aparecerão sempre que o vapor de um banheiro se elevar ao máximo os fazendo aparecer, tentando sair ou levar outros com eles para dentro do vidro. – Explica a velha senhora com conhecimento de causa.
Desolados João Paulo e seu pai demonstram tristeza eu seus olhos, nada podendo fazer naquele momento ao não ser tentar explicar o que aconteceu sabendo que ninguém iria acreditar numa história dessas, agora eu te digo, você acredita ou vai continuar embaçando teu banheiro na tentativa de invocar a “Aparição do Vidro Embaçado”.
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 04/04/2014
Alterado em 05/01/2017
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