FERIDAS ABERTAS
Esse cheiro de sangue da carne aberta
Pelos chicotes de um tempo não esquecido,
Essa escravidão que não finda,
Esse preceito moral apodrecido.
Essas entranhas violadas,
Apreciadas pelos senhores de engenhos,
Estas marcas veladas,
Pelos os olhos, pelos os pesadelos que advenho.
Estas feridas abertas pela escravidão,
Deixando filetes de sangue,
Marcas claras, na escuridão,
Sem que aceite, sem que negue.
Estas peles tingidas de urucum,
Desprotegidas dos direitos morais,
Foram abertas tantas feridas,
Por desculpas religiosas imorais.
Estas histórias perdidas no tempo,
Índios, Negros, pobres mortais,
Feridas abertas nesse contratempo,
Estes eternos brasis coloniais.
Estes calos que não cessam,
Esta ditadura informal,
Estes sonhos que não regressam,
Esta vida que não é normal.
Vejo a escravidão que não finda,
Este povo que sofre, neste tempo ainda,
Agora tingidos e multicores,
Desprotegidos, sem sonhos, outras dores.
Esta ferida aberta que não cura,
Esta cultura indisposta,
Esta nova forma de ditadura,
Esta geração que nasce morta.
Estas feridas abertas...
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Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 16/10/2014
Alterado em 20/10/2014