FUGA DO SERTÃO
Para sobreviver saímos do sertão,
Eu, pai, mãe e mais nove irmão,
Em busca da uma nova vida no sul,
Num pau-de-arara de boleia azul.
Na mão o saco de trapos, era o matulão,
Na mente um nova vida, uma nova razão.
Os sonhos vagos ainda pendentes,
Na incerteza de que vinha pela frente,
Andando por terras desconhecidas,
Carregando na carne velhas feridas,
De um tempo que deixa saudade,
Minha gente, minha cidade,
Sei que essa dor não se cura cedo,
Sei dos olhos, mareja em segredo,
Não quero negar com isso meu choro,
Como a saudade que já se inicia,
Quero deixar aqui bem claro,
Essa vontade a mim não pertencia.
Tinha que fugir do meu sertão,
A fome cercava com alguma razão,
Não sabia se era por ordem do patrão,
Ou era sua sina de se servir,
Como o negro urubu a se nutrir
Do pobre povo do meu torrão,
Que vive a sofrer, esse servidão,
Escravizado pelo autoritário patrão
Sem sonho, vontade e garantia,
Nessa nação que a lei não beneficia
O verdadeiro trabalhador e sua razão.
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 11/02/2015