NUNCA DEIXO DE SER SERTANEJO
Mesmo longe do meu sertão,
Só de ver uma nuvem escura
Sinto cheiro d'água no chão,
Aguando toda amargura,
Do tempo, da solidão...
Relembrado da secura,
Dessa terra, meu torrão.
O espelho mostra olhos d'água
Dessa dor que não acaba,
Dessa espera que não finda,
Desse choro, dessa mágoa...
Dessa água que não desaba,
Enchendo minha velha cacimba,
Acabando com minha mágoa.
Cadê a chuva, a inundação,
Molhando minha baixada,
Banhando meu tinhoso alazão,
Eu sem pressa afiando a enxada,
Começando a arar o chão,
Na mão grão de milho e jerimum,
Melancia, fava e feijão.
Essa folia, todos no terreiro.
Essa de saudade do torrão,
Dessa chuva, meu vilarejo,
Essa ânsia no peito, essa paixão,
Nesse olhar que lacrimejo.
Mesmo longe do meu sertão,
Nunca deixo de ser sertanejo.
Não escondo minha paixão,
Essa saudade do meu sertão,
Que invade sonhos, o desejo...
Como slides de uma solidão,
Na vontade, meu ensejo...
Mesmo longe do meu sertão,
Nunca deixo de ser sertanejo.
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 09/04/2015