ALZHEIMER – FASE FINAL
Segura minhas mãos,
Os comando já não são meus,
Meu corpo não me atende,
Só resta este olhar que ainda é seu.
Não tenha medo, não dou sermão,
Minha língua já se cala, já não sou eu.
Venha, me ensine a andar,
Não cobre passos o qual ensinei,
Talvez desconheça esse jeito de amar,
Mas não esqueça, é o único que sei.
Guie as pernas, sinta o corpo inerte,
Lembre do jeito como te guiei.
Tire esse espelho de minha frente
Não conheço esse velho louco,
Tinha alguém aqui bem diferente,
Outro instante, não era esse velho rouco.
Aonde foi minha imagem crente,
As razões, o sentido, a vontade, o foco.
Desculpe, minha tosse te irrita,
Teu olhar me faz pensar assim,
São tantas as vezes na latrina,
Não sei como conter esse fim,
Tenho tensão em minha retina,
Sofro por ti e sofro por mim.
Minha boca ensaia palavras,
Não degluto letras ditas,
Não sinto o gosto de nada,
Parece que estou em brasas.
Como posso conter as feridas,
E um vulcão dentro de mim.
Sinto meu sangue correr,
Sem sair dentro de mim,
Sinto o tempo morrer,
Não sei como ser assim.
A vida passando sem eu ver,
Minha alma solta enfim.
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 18/08/2015