CONCUPISCÊNCIA DA CARNE
Primeiro foi aquele olhar,
Em uma noite de verão,
Teus olhos eram o luar,
Teus lábios, a predição...
Aquela mão suave estendida,
Aquele sorriso indicativo,
A voz, céu selene, pretendida,
Os raios, você lua, eu cativo...
Esta prisão, em teus braços,
Este perfume, que não cessa,
Esta carne, o vinho, traços,
Esta vontade, sem pressa.
Porquê tiraste-me para dançar,
Naquela noite quente de verão,
Havia tantas para meu par,
Não havia sinal dessa paixão...
Esse sentimento intenso, sem fim,
Que desperta uma alma célere,
Esquecida num canto, por mim,
Amordaçada, o qual se fere...
Com a luz veloz de teus olhos,
Ofuscando-me nessa imensidão,
Deixando-me, sem atalhos...
Nessa presa, do coração...
O porquê dessa louca paixão?
Tão certa e tão descabida,
Tão corrompida pela ilusão,
Vez ciente, outra despercebida...
Querendo ter e não ter razão,
Como quem fere e cega os olhos,
Deixando a luz na escuridão,
Nesse espaço, entre espelhos.
Deixados em uma alva parede,
Esquecida no muro, do tempo,
Pelo o Senhor que nos concede,
A carne, a alma, o contratempo.
O porquê desse longo caminho?
Dessa dor que nunca termina,
Desse desejo, do beijo, do sonho,
Concupiscência, carne feminina...
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 13/06/2016