QUATRO GRITOS E O SILÊNCIO DA MORTE
O tempo pode cessar antes da consciência, ficando apenas lembranças,
Muitos lamentos podem não serem ouvidos, o tempo não espera,
Agora, neste momento, há essa conivência, um diálogo, as diferenças,
A morte parece circundar, há envolvidos, resta apenas o fim da quimera.
O filho argumenta o pai sobre o primeiro grito, enquanto alargava passos e alegrias,
A bola corria em direção a rua, não havia tempo, mas no momento se presentia,
E depois do grito um carro desgovernado riscou o asfalto, a morte por perto, arredia,
Não se importava com os nossos sonhos, não dividia o sorriso, nossas fantasias.
Sobre o segundo grito, era um tempo de descoberta, tudo parecia desconhecido,
Tinha que descobrir as novidades, as ferramentas, as cores atraiam o olhar,
E naquele momento um fio estendido carrecia de um corte, era multicolorido,
Mas, o grito se fez forte, o fio não se fez corte, e a morte não veio a calhar.
O terceiro grito foi estridente, o dia era lindo, o céu era azul, a água era fluente,
Você corria sem noção, não sabia sobre o rio, sua veracidade, sua profundidade,
Mas, tinha que contê-lo, a distância era curta, sua vontade parecia confiante,
Você já tinha muita vontade, sua capacidade era desmedida, ainda era infante.
O quarto grito foi a separação de sua rebeldia com a minha instrução,
Você já achava que sabia de tudo, que o mundo já estava em suas mãos,
Não havia motivo para te reter, ninguém mais era capaz de te convencer,
Teu olhar e tua intuição já era suficiente para dominar o mundo, viver.
O quinto grito você não me ouvio, parecia com presa, quando pegou o carro,
Os retrovisores negaram minha imagem, ou você nem sabia que existiam,
Ficou apenas a fumaça no ar, noutro instante, o cheiro da gasolina, do cigarro,
Cheiro de tuas rotinas, em noitadas intensas, que teus pais não sabiam.
Este é o silêncio da morte, que mesmo forte, a morte ocultou meu grito,
Você parecia maior que a morte, quando a máquina ganhava velocidade,
Mas, naquele momento oportuno da insensatez, perecia apenas um rito,
O silencio do tempo, de tudo, naquele momento, era apenas mortandade...
Teu corpo frio, minhas lágrimas um rio, tudo era cúmplice da verdade.
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 29/09/2016
Alterado em 11/09/2017