O FIM DA GERAÇÃO
Hoje eu me senti muito mal com a raça humana,
Não sei se eu envelheci em um sono profundo,
Daqueles, que sonâmbulo você vaga pelo mundo,
Ou se vaguei no tempo, duração relativa, insana.
Hoje acordei cedo, isso é coisa de quem fica ancestral,
Peguei o caminho que faço todo dia, fui à padaria,
Topei pessoas indo e vindo, como outros dias, normal,
Atinei, não sei se tinha notado antes, ninguém sorria.
Achei alheio, pois eu ainda sorria, acenava com a mão,
Fazia questão, de um por um, dar bom dia, era usual,
Não idearia que um dia, não fosse retribuído, então...
Veio uma resposta do meu bom dia, foi bem causal.
“Bom dia, só se for para o senhor, prá mim tá mal”,
Outros baixaram a cabeça, como animais, num curral,
Pareciam longínquos da terra, mundo, da raça humana,
Transformados em zumbis, e não era coisa de cinema!
Senti um pesar no peito, tentavam estancar a geração,
Senti que estava ali, mas me notava um alheio no local,
O que será que houve? Fizeram outros seres, gestação,
Pois os, que achei no caminho, não tinha vida, era fecal.
Não adiantou, aonde ia era a mesma coisa, má reposta,
Ninguém queria um bom dia, um sorriso, um vocábulo,
Estavam todos entediados, todos cansados, alma morta,
Não adiantava insistir, tentar sorrir, abrir o estábulo.
Notei que o mundo estava cheio de desertos, vários...
Havia desertos de sorrisos, adeus, sonhos, conversas,
O amor foi banido, outros sentimentos, proletários,
Tinham caçado suas existências, eram apenas palavras.
Mas, palavras não ventiladas nas bocas dos humanos,
Como antes, os sons, os dialetos, os gestos, o olhar,
Descritos nas poesias, nas prosas, no verso profano,
Que o trovador dedilha em sílabas em noites de luar.
Eram tantas diversidades, de nada, de cores, de sexo,
Eram tantos, que procurava ser diferente, desconexo,
Que o planeta estancou o nascimento, a fecundação,
Não havia necessidade de procriação, outra geração.
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 04/10/2017