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FAZIA BENZEDURA COM URTIGA
CURANDO O QUE O MAU FAZIA
Desde de muito pequenino
Era peralta e muito atrevido
A conselho não dava ouvido
Aprontava tudo, era malino
Fugia das rezas do divino
Mas acreditava em magia
O Pelo Sinal e Ave Maria
Rezava no meio da caatinga
Fazia benzedura com urtiga
Curando o que o mau fazia.
Noutro dia pulava no açude
Pegava fruta no sitio vizinho
Fazia toda estripulia sozinho
Pois para isso tinha atitude
Jogava na rua bolinha de gude
Para muitos não era simpatia
Criando nos olhos a antipatia
Do sossego eu tinha intriga
Fazia benzedura com urtiga
Curando o que o mau fazia
Tudo pra mim era brincadeira
O mundo era todo para brincar
Tinha as cores em todo lugar
Atirava no céu com baladeira
Assava espiga na fogueira
Mexia com sapo e a gia
Todo canto do sertão corria
Com reza curava lombriga
Fazia benzedura com urtiga
Curando o que o mau fazia.
Não dava sossego na escola
Na igreja ia era pra o altar
Atrapalhava o padre de rezar
Pra os amigos eu dava cola
Depois ia pra o campo jogar bola
Um anjo de Deus era meu guia
Tentava conter o que eu fazia
Mas logo arrumava uma briga
Fazia benzedura com urtiga
Curando o que o mau fazia.
Não sentia tristeza e coisa ruim
Só tinha alegria e muita vontade
Ainda não sentia o peso da idade
O mundo era encanto sem fim
Prendia as seis asas do Serafim
Céu e terra um só mundo fazia
Não respeitava a hierarquia
Parecia que não tinha fadiga
Fazia benzedura com urtiga
Curando o que o mau fazia.
Agora todo encanto sumiu
Ficou pra trás aquela criança
Ficando com ela a esperança
De um mundo com cores mil
Sem a eterna primavera febril
Que enfeitava de flores o dia
Em todo canto era só alegria
Não havia ódio nem intriga
Fazia benzedura com urtiga
Curando o que o mau fazia.
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 17/11/2018
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