POLÍTICA, RELIGIÃO E DITADURA
Os caminhos não eram retos,
Era tanta incerteza no sertão,
Amontoados feito gado,
Era nosso povo naquele chão,
Muita pobreza e tanta carestia,
O mundo era só uma fantasia,
E o estado não estendia a mão.
Tempo que o governo virava as costas,
Da grande nação nordestina...
Tudo para o sertanejo era sacrifício,
Nada, ao sertanejo, se destina,
Se não fosse farinha d’água,
A santa sopa rala de beldroega,
E a fé que do povo que não desatina.
Mas, se um cabra surgisse com valentia,
Assim afoito, como Virgulino, o Lampião,
Logo o estado fazia alvoroço e prometia...
Dizendo, aqui, quem manda é o patrão,
Criava frente de combate, ameaçava o povo,
Fazia estripulia, chegava fazendo tudo de novo,
Em cada canto um soldado com trabuco na mão.
Era a única vez em que o estado aparecia,
Então, reunia os Macacos, fazendeiros, ricos,
Fazia reboliço, pregava sua constituição,
Advertia o povo, colocava nas ruas os milicos.
Ninguém podia se manifestar, fazer solicitação,
Os coroné logo dizia, olha o povo na manifestação,
Então era tiro, prisão e perseguição, todos os fiscos.
Eu me alembro muito bem, dos tanques nas ruas,
Era moleque, mas já sabia do poderio da tortura,
Não tinha direito, respeito, nem a tá democracia,
O povo assustado, sem saber a razão da ditadura,
E naquela ocasião, via a união, política e religião,
Pregando suas ideologias, cheios de compaixão,
Subjugando Deus, sem enchendo de compostura.
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires, Léo Pajeú, Noël Semog e Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 19/07/2020